Notícia telegrafada, veiculada em jornais de todo o mundo, a 6 de março de 1925: "Chegou na capital do Mato Grosso o militar inglês P. H. Fawcett, pronto para explorar cidades soterradas nos sertões mato-grossenses e pesquisar a existência de ouro nas minas que encontrar pelo caminho. Fawcett avisa que só voltará depois de encontrar as ruínas de uma cidade originária da Atlântida."

Em 28 de fevereiro de 1903, desembarcando no porto do Ceilão, o coronel britânico Harrison Fawcett era abordado por um grupo de cinco monges budistas, vindos da Índia, que lá estavam apenas para anunciar uma profecia. Ao lado de Fawcett, Nina, sua esposa, que esperava o primeiro filho do casal. Os magos apontavam à barriga de Nina, referindo-se a uma criança com uma missão pré-definida de grande importância à humanidade, e que seria pai de uma nova raça. Disseram mais: que, no futuro, acompanhado de seu pai, viajaria a terras distantes do sul, e ambos desapareceriam juntos. Seriam acolhidos, assim, por uma nova civilização.

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E hoje, pode-se dizer que a profecia se concretizou? Bem, parte dela sim.

Ano: 1925. Lugar: selvas brasileiras, onde fica hoje o Parque Nacional do Xingu. Percy Harrison Fawcett, coronel do exército britânico, é conhecido hoje como um dos maiores aventureiros da vida real. De fato, sua história, já contaminada com muitos boatos, é muito mais interessante que qualquer filme de aventura.

Fawcett, budista convicto, já havia cruzado vários cantos do mundo trabalhando para o exército inglês, mas o Brasil tinha algo que o deixaria fascinado. Não que ele fosse um grande admirador do país, mas as constantes lendas sobre uma cidade perdida, ainda habitada por índios de pele branca, deixou Fawcett obcecado. Lendas que falavam de um povo originado pelos sobreviventes da Atlântida, nos confins das selvas brasileiras.

Foram duas expedições feitas ao Brasil. Na primeira, Fawcett não obteve sucesso na meta de encontrar sua cidade, mas encontrou indícios que o animariam a organizar uma nova expedição. Como ele demonstrou, em uma carta dirigida a jornais de todo o mundo:

" Não duvido um só instante da existência dessas velhas cidades. Por que haveria de duvidar? Eu mesmo vi parte de uma delas - e essa é a razão pela qual achei que deveria fazer novas expedições. As ruínas parecem ser de um posto adiantado de uma das grandes cidades, as quais estou certo serão descobertas juntamente com as outras se a expedição for bem preparada, com uma pesquisa profunda sobre o assunto. Infelizmente não posso induzir os cientistas a aceitarem até mesmo a hipótese de que há indícios de uma antiga civilização no Brasil. Viajei por lugares ainda não explorados, os índios têm me falado de construções antigas, seu povo e mais coisas estranhas existentes nestes locais. Se tiver bastante sorte e conseguir atravessar a região de índios selvagens e regressar vivo, terei condições de ampliar imensamente o nosso conhecimento histórico.

Percy H. Fawcett – 1925"

Uma estatueta de basalto, que Fawcett ganhara de H. Rider Haggard, o autor de As Minas do Rei Salomão, justificaria por si só todo o mito criado em torno do coronel. Além de cinco inscrições indecifráveis em seu peito, uma particularidade da estatueta intrigava a todos que nesta tocavam. Mais uma vez, as palavras do próprio Fawcett:

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"Existe uma propriedade particular nessa imagem de pedra, e todos podem senti-la ao tocar a mão. Estranhamente, uma corrente elétrica atravessa o braço da gente, causando um choque tão forte que muitas pessoas a largam de imediato. A razão dessa energia eu desconheço. Acredito sinceramente que ela veio de uma das cidade perdidas. Quando descobrir os significados existentes nela, descobrirei também o caminho para chegar no lugar de onde se originou."

Em 1925, Fawcett desapareceu nas matas brasileiras em busca da solução destes enigmas. Com uma expedição de apenas mais duas pessoas: os jovens Rimmel e Jack, este seu filho citado nas profecias. Não voltaram mais. Entre várias hipóteses, como a de que eles teriam sido mortos por índios, prevalece na mente daqueles que acreditam em Fawcett a de que eles realmente encontraram a civilização que buscavam para viver lá para sempre.

(A quem quiser inteirar-se mais sobre o tema, vai a indicação do livro de Hermes Leal: Coronel Fawcett - A verdadeira história do Indiana Jones, da Geração Editorial. O livro, de 304 páginas, conta desde a juventude de Fawcett até as expedições de busca do trio, anos após seu desaparecimento. É a melhor oportunidade para quem quer saber muito mais sobre o coronel britânico, e uma excelente pedida mesmo para quem quer conciliar cultura e entretenimento. / Contatos com o autor: hermes@sysnetway.com.br )